terça-feira, abril 22, 2008

"...Acho que me perdi numa excursão que fiz...fiz pra onde?"

Post original 22/07/2006

Hoje acordei com tendência aos dias infantis.
Passar o dia todo em casa, arrumando o quarto, ou limpando alguma coisa qualquer.
É curioso morar numa bagunça. A cada dia você descobre coisas novas. Um livro, um bilhete, um cupom fiscal. Não são coisas que foram guardadas. São coisas que foram esquecidas em algum lugar, e agora, apodrecem com o tempo.
Morar numa bagunça me dá a impressão de não saber direito quem sou, e o que sou(ainda não descobri qual dos "quês" é mais grave.)São muitas coisas espalhadas. Muitas coisas que precisam ser jogadas fora. Mas por algum motivo, que não sei qual, permanecem ali, imóveis. Úteis, inúteis. Estão tão misturadas, que não dá mais pra saber quem é quem, quem é o quê(bagunça homogênea). . .
Olho para a caixa, cheia de folhas de matérias já vistas. Olho para as folhas e não sei mais ler o que está escrito ali. Pego a agenda de Dois Mil e Três. A mão aquece, os olhos aquecem. Lembranças enchem o peito. Nào, mas elas não me completam mais. Precisam ser queimadas. Pertencem a garota do primeiro colegial, que achava estranho a possibilidade de alguém no mundo ser como ela. Os mesmos pequenos problemas, e minúsculos dilemas. O colégio terminou. O cursinho acabou. O primeiro ano da faculdade acabou. Talvez eu nem precise tanto de que hajam tantos vestígios deles. Preciso queimar a caixa toda! Nela há muito Mariana, muita literatura morta e mal vivida.Redações mal feitas, cálculos mal resolvidos, minutos mal resolvidos. Cartas que não entreguei. Tem inexatidão ali, não quero mais.
Me diz: além da caixa, o que devemos fazer com as lembranças que enchem o peito, que fazem chorar. Guardamos de novo, numa nova caixa, ou soltamos por aí?
"E diz pra mim, o que é que ficou?"