Everybody knows it

segunda-feira, outubro 10, 2011

Vamos para o mundo.

O desejo de melhora sempre vem realçado com a alegria da chegada de uma nova estação. Estranho atribuir a determinadas datas, lugares e até mesmo pessoas tal desejo, quando o fato de enriquecer a vida, promover mudanças depende só de si mesmo. Decisão pessoal e intransferível.



[não, para mim essa música e este post não tem relação/inspiração com a novela global. É que às vezes acho que tenho a alma velha.]

segunda-feira, julho 11, 2011

Profundamente

Por Manuel Bandeira

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?


— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.


Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.


Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

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Bandeira é um dos meus poetas preferidos (senão o preferido).
Lembra-me alguns natais que eu dormia e acordava brava, brigando com a minha mãe que tinha deixado com que eu adormecesse.

terça-feira, junho 14, 2011

Tempo



Por Adelia Prado


A mim que desde a infância venho vindo
como se o meu destino
fosse o exato destino de uma estrela
apelam incríveis coisas:
pintar as unhas, descobrir a nuca,
piscar os olhos, beber.
Tomo o nome de Deus num vão.
Descobri que a seu tempo
vão me chorar e esquecer.
Vinte anos mais vinte é o que tenho,
mulher ocidental que se fosse homem
amaria chamar-se Eliud Jonathan.
Neste exato momento do dia vinte de julho
de mil novecentos e setenta e seis,
o céu é bruma, está frio, estou feia,
acabo de receber um beijo pelo correio.
Quarenta anos: não quero faca nem queijo. Quero a fome.
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Esta semana meu cérebro pensa em tudo como algo muito tedioso, trabalhoso, chato e sem razões. Sem razões para meus pensamentos destinarem suas energias a determinados casos isolados e acontecimentos medíocres que não cabem no meu mundo já calejado de mediocridade e superficialidade.
Quero a fome de coisas que valham a pena.

quinta-feira, junho 09, 2011

Sobre a chegada do Vitor.



Como a gente pode se apaixonar assim por alguém que nem se conhece, que nem se sabe se é legal, se vai ser legal?
Nunca tinha sentido essa sensação antes.
Dá uma vontade que você chegue logo pra que eu possa te contar tudo que sei, te ensinar algumas coisas e aprender contigo outras muitas. Perguntei pra minha mãe se você vai saber que eu sou sua tia, disse que não, vou ter que esperar.
Minha família é pequena em diversos sentidos, quer dizer, nossa família é bem esquista, mas não quero te causar impressões diversas, espero que vc descubra o mundo de forma laica e sem influências manipuladoras que possam inibir suas escolhas. Talvez essa "pequenice" me faça ter muitas esperanças de como deve ser ter você criança em casa, pulando e mudando essa má energia. Mas é só uma esperança poética, pois te quero livre de expectativas de coisas que aqueles que te esperam não fizeram e esperam que você faça.
"Pessoas até muito mais vão lhe amar, até muito mais difíceis que eu prá você, que eu, que dois, que dez, que dez milhões, todos iguais".
Que seja doce a sua chegada, pois estarei te esperando, e incondicionalmente, saiba que você sempre terá com quem contar, seja pra uma prosa, um choro, um mimo...


Sua tia Jô.

[inspirado um pouco no livro do Jostein Gaarder, A garota das laranjas.]